José Mesquita - Trovas Serenas (Duplo)
Descrição
“Trovas Serenas”
O Fado de Coimbra é normalmente caracterizado por uma relativa sobriedade, que permite caracterizar e distinguir determinada melodia de outra. A guitarra é o instrumento típico para tocar o fado, é ela, que, com os seus acordes, personaliza cada tipo de fado, acordes esses que são secundados pela viola que acompanha a melodia executada pelo guitarrista.
José Mesquita, Professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, doutorado em biologia, e também cantor de renome da Canção Coimbrã, começou a interessar-se pelo Fado/Canção de Coimbra, ainda quando estudante liceal em Viseu. Enquanto estudante, participou, espontânea e despreocupadamente, em “serenatas de rua” que, na década de 50, a par de outras “praxes” e tradições, ainda “alimentavam” a mística da Coimbra romântica. Após uma interrupção na actividade musical durante a preparação do seu doutoramento, recomeçou a cantar em público em 1975, a convite do seu colega e amigo, Prof. A. Pinho Brojo ( guitarrista de grande relevo nos anos 40-50 ) que, entretanto, tinha também retomado a actividade artística. Esta colaboração culminou com a gravação dos seus dois primeiros álbuns.
Foi co-fundador do “Grupo de Guitarras e Cantares de Coimbra” ( iniciativa de António Portugal e António Brojo) com o qual cantou, durante mais de duas décadas, em concertos, digressões, no país e estrangeiro. De realçar a sua ampla participação nas séries televisivas “Tempo(s) de Coimbra” (1983) e “Coimbra sem tempo”(1985) que constituíram a base de uma completa antologia do “Fado de Coimbra”, com várias edições em vinil e CD . Em 1989, foi autor, coordenador e participante de uma nova série de televisão ( 6 programas ) que, com a designação de “Canção de Coimbra-Anos 80”, foi dedicada aos inéditos publicitados nesta década e congregou o maior número de cultores do Fado/ Canção de Coimbra (cantores e instrumentistas) alguma vez intervenientes em programas deste cariz. Em 1980 integrou o grupo fundador do “Coro dos Antigos Orfeonistas do Orfeon Académico de Coimbra”, com o qual, desde então, tem colaborado regularmente, tanto na execução de música coral como na divulgação da “Canção coimbrã”.
Como adepto convicto da renovação desta canção e recorrendo, na vertente poética, aos grandes vultos da poesia portuguesa, José Mesquita começou a compor em 1978, passando a integrar as suas composições nos seus registos A Arte coimbrã continua viva na voz de José Mesquita, um intérprete indiscutivelmente associado à canção/fado clássico de Coimbra.
Prova física e ilustrativa desse facto, é o seu novo registo discográfico, o duplo CD intitulado «Trovas Serenas», em que o «Fado/canção de Coimbra», se renova na voz inconfundível de José Mesquita, em composições sem tempo e memória, que nos permite conhecer e desfrutar melhor de um dos mais belos géneros musicais portugueses, o Fado de Coimbra. Neste seu novo trabalho José Mesquita contribui para a renovação/inovação deste género musical ao incluir cerca de 80% a 90 % de fados originais, apostando em poetas lendários como : Luís de Camões, Fernando Pessoa, David-Mourão Ferreira, Sophia de Mello Breyner, Afonso Duarte, Manuel Alegre, Ary dos Santos ou Antero de Quental.
No que respeita ao acompanhamento, para além da guitarra e viola tradicionais, inclui, por vezes, outros instrumentos, criteriosamente seleccionados ( violino, flauta, acordeão ) que proporcionam uma sonoridade diferente da que é habitual neste estilo musical.
Outro factor de grande destaque de «Trovas Serenas» é a particularidade de se «revisitar» mestre António Brojo, que aqui toca em quatro temas do primeiro CD e um do segundo, assim como o de se voltar a escutar o grande Luís Goes.
«Trovas Serenas», um disco de aquisição obrigatória,